A aula daquele dia havia terminado, Hayley saiu da sala tão depressa que não consegui enxergá-la, eu saí da sala e fui ao meu armário, para guardar meus livros e depois saí em direção ao pátio externo da escola, quando cheguei lá vi que no chão ainda podiam ser enxergadas as marcas dos pneus da ambulância que chegou depressa para ver como Scott estava. Muita gente estava lá, afinal era o horário de saída, praticamente todo o colégio estava lá, eram carros de pais levando os seus filhos embora, os famosos ônibus amarelos das escolas americanas, parados à beira da calçada esperando os estudantes entrar. Acabei andando para todos os lados daquele pátio procurando Hayley e não a encontrei, resolvi voltar para dentro da escola de novo para ver se ela estava no pátio interno, "o pátio da grande árvore" como todos chamam aqui, o motivo deste nome é porque no meio do pátio existe uma figueira enorme, que segundo a história, existe desde quando a escola foi construída.
Quando cheguei ao pátio da grande árvore vi que a situação ali não estava diferente da situação do pátio externo, ali estavam as líderes de torcida fazendo o seu treino tradicional ás tardes e também os torcedores das líderes de torcida, por incrível que pareça a Santa Barbara High School é uma das poucas escolas em que as líderes de torcida e o time de futebol americano arrasam no que fazem, por isso eles tem muitos fãns.Olhei em direção à enorme figueira e a encontrei sentada embaixo daquela enorme sombra que a árvore fazia, ela acenou para mim e me chamou, eu fui até ela.
- Oi. - eu disse.
- Oi, espero que não se atrase por ficar aqui comigo. - ela disse.
- Não, nem um pouco, minha mãe vai me buscar mais tarde hoje.
- Ata, que bom então.- ela disse com um sorriso estampado em seu rosto, era impossível não notar a sua felicidade. - Sente-se aqui comigo. - ao mesmo tempo em que ela disse isso, ela pegou em minha mão, e eu claro que me sentei ao seu lado, eu ficaria por séculos ali se fosse preciso.
- Então, o que você queria conversar comigo? - perguntei.
- Hm, eu queria agradecer você por passar grande parte do dia comigo, me ajudando a como me achar aqui e me fazer companhia sabe...
- Ata, ah nem precisa agradecer, pode contar sempre comigo.
- Eu sei.- ela disse olhando em meus olhos e depois continuou falando. - E que como eu sou nova é sempre bom ter um amigo como você sabe, tipo, depois de eu ter me mudado de Nova York para cá, eu me sinto aliviada de estar aqui.
- Hm, mas porque você e sua família se mudaram?
- Por vários motivos, um deles é que eu na minha antiga escola era "a excluída" sabe, eu era meio que "a diferente" de todos então eu não tinha muitos amigos, outro motivo é que meus pais já queriam se mudar para cá já faz um tempo, sabia que lá em Nova York diziam que Santa Barbara é um lugar cheio de surpresas?
- Hm e é mesmo. - neste momento, me lembrei daquela sexta-feira à noite e no mesmo instante vi que Hayley usava aquele seu colar de fita vermelha ainda.
Então resolvi perguntar.
- O que é esse seu colar de fita vermelha?
- Ah isso, é um símbolo da minha família, quando cada pessoa completa 15 anos, ganhamos um acessório de fita vermelha, as mulheres colares e os homens pulseiras, é uma tradição desde o século passado, eles dizem que dá proteção.
- Hm, protege de que? Porque é uma tradição? - percebi que depois que perguntei, Hayley ficou meio sem jeito para responder, então resolvi mudar de assunto.
- Bom, outra hora agente conversa sobre esse assunto, hm, eaí você já tem par para o Baile de Inverno? Imagino que já tenha sido convidada por vários meninos...- percebi que ela estava me olhando com curiosidade, eu estava com ciúme.
- Porque você pensa isso? - ela perguntou com um sorriso no rosto.- Ah você sabe, você é nova aqui, linda, inteligente... - senti meu rosto corar de vergonha. Então ela respondeu.
- Aaah que fofinho. Bem, na verdade eu fui convidada por três meninos já, mas eu neguei todos.
- Sério?!?! - eu perguntei surpreso e não consegui esconder a felicidade que eu estava sentindo.
- Sim, e você? Já deve ter um par imagino...
- Na verdade nenhum. - respondi.
Depois disso chegou aquele silêncio no ar que eu odeio, Hayley ficava olhando para os seus dedos que brincavam de se entrelaçar e então encontrei a coragem, me levantei à sua frente, olhei bem em seus olhos e perguntei.
- Hayley, você aceita ir ao Baile de Inverno comigo?
Ela simplesmente se levantou e disse.
- Hm, eu preciso ir ao meu armário largar os meus livros... quer ir até lá comigo?
Meu mundo desabou, era como se ela não tivesse ouvido a minha pergunta, era como se várias facas estivessem atravessando meu coração, fiquei pasmo por alguns segundos, mas eu tinha que superar aquela tristeza e arrependimento que havia me dado, afinal, ela não era obrigada à ir comigo, acho que acabei tirando as conclusões erradas, talvez eu tivesse me enganado que poderia ter uma garota tão maravilhosa como a Hayley, então eu engoli a sua "resposta" e a acompanhei até o seu armário, sem dizer nada.
Os corredores dos armários estavam vazios, todos estavam nos pátios, olhei para o meu relógio e vi que haviam se passado 40 minutos do término da aula, com Hayley o tempo voava. Ela chegou ao seu armário e colocou seus livros dentro dele e depois o fechou. Hayley se virou para mim, me olhou no fundo dos meus olhos e então eu não pensei em mais nada.Seus lábios estavam junto aos meus, meus braços a envolveram imediatamente e os dela me envolveram também, eu queria que aquele momento durasse para sempre, ela segurou minha nuca como se ela quisesse que eu nunca a soltasse, passei as mãos por seus cabelos escuros como a noite, sua boca era como se fosse moldada para se encontrarem com a minha, meus braços eram como se fossem sido feitos para protegê-la de tudo e de todos, meu coração batia forte e eu sentia o dela, que batia tão forte quanto o meu, eu a amava. Aquele momento foi o mais feliz da minha vida, ela parou de me beijar, me olhou nos olhos de novo e disse.
- E respondendo à sua pergunta... eu seria com certeza a menina mais idiota do mundo se não aceitasse ir ao baile com você.- uma lágrima escorreu por seu rosto e eu a dei o mais forte, sincero e protetor dos abraços que eu já dei em qualquer pessoa.
Os raios de um lindo pôr do sol iluminavam o corredor e vinham ao nosso encontro, naquele momento acabei percebendo que eu não havia tirado as conclusões erradas, as conclusões eram muito mais que verdadeiras, eu havia encontrado o meu lugar no mundo, e ela o dela.